Nestes 39 anos de vida, Deus tem me conduzido por uma estrada onde a solidão é uma constante companheira. Não falo apenas da solidão física, mas daquela que persiste mesmo quando estamos cercados de pessoas. É uma vivência difícil de descrever, mas profundamente real para quem a sente.
Meu temperamento melancólico me leva a caminhar com o sofrimento como uma sombra persistente. Desde os 17 anos, quando perdi minha mãe, minha história tem sido marcada por um ciclo de perdas, como se meu destino estivesse alinhado a despedidas e ausências. Por mais que minhas ações mostrem que quero progredir, que busco luz e crescimento, há algo profundo dentro de mim que parece puxar para trás. É um paradoxo que me intriga e me faz refletir: por que a solidão e o sofrimento têm sido tão recorrentes na minha caminhada?
Essa tristeza profunda de uma alma melancólica, vista pela perspectiva de um temperamento colérico, parece irracional. Muitas vezes, é difícil de explicar até mesmo para mim. Como pode a alegria coexistir com uma tristeza tão avassaladora? Como pode a esperança resistir em meio a tantas perdas?
Por mais pesado que seja esse fardo, descobri que o sofrimento, embora árido, também pode ser fértil. Ele me entrega um fruto inesperado, que floresce em meio às sombras: a criatividade. Entre as lágrimas e os silêncios, surgem poemas. Das dores que carregam meu coração, brotam palavras que traduzem sentimentos tão profundos que nem sempre consigo explicar.
Nos momentos em que o sofrimento me permite respirar, eu me entrego à criação. É quando as leituras me consolam, os pensamentos ganham forma e a escrita me serve como um farol. Ali encontro paz, mesmo que temporária, e me permito sonhar. Sonhar com dias mais leves, dias de gentileza, dias onde a verdade e a paz não sejam apenas desejos, mas realidades.
É curioso como a dor, tão pesada e, por vezes, opressora, pode ser também uma força criativa. Como se, nas rachaduras que ela provoca, nascessem pequenos feixes de luz. Não escolhi o sofrimento, mas escolho o que faço com ele. E, sempre que posso, opto por criar.
O ato de escrever tem sido a minha forma de resistência. Resistir ao vazio, à sensação de que a solidão é definitiva. Porque ao transformar a dor em poesia, em palavras, em sonhos, eu a ressignifico. Deixo de ser apenas vítima dela e me torno alguém que pode moldá-la, que pode dar a ela um propósito.
Apesar de tudo, há algo em mim que se recusa a desistir. Por mais que a solidão insista em se fazer presente, eu creio que há um Sol atrás de tudo isso. Um Sol que ainda não tive o privilégio de vislumbrar completamente, mas cuja existência me dá forças para continuar.
Talvez a solidão tenha muito a me ensinar. Talvez ela seja um convite para mergulhar mais fundo, para descobrir quem sou quando não há ruídos ao meu redor. E, nessa descoberta, encontro na escrita não apenas um refúgio, mas uma ponte que me conecta ao mundo e a Deus.
Então, mesmo que o caminho seja repleto de sombras, sigo escrevendo, sonhando e acreditando. Porque transformar a dor em criação é, para mim, uma forma de manter a esperança viva – uma esperança que, um dia, me levará à luz que ainda está por vir.
Cristina Meireles
Essa história, escrita por Paloma Frias e inspirada em um caso real, utiliza o pseudônimo Cristina para preservar a essência e a confidencialidade do relato.
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As marcas jamais desaparecerão. São ingredientes do que somos. Elas podem servir, podem ganhar uma torsão como velas deslocadas de acordo com o vento, a fim do barco singrar o mar.